terça-feira, 10 de março de 2009

“Condicional”


Chega o grande dia...
Pessoas cumprimentam-se...
Famílias harmonizam-se a suas alegrias...
Jovens namoram e descobrem o verdadeiro amor pela vida...
Crianças crescem e aprendem através de seus pais a não tornarem-se insanas...
As minhas lágrimas não sobrevivem mais a tanta depressão, tanta carência...
Meus passos pela vida tornam-se mais difíceis...
Os pensamentos não mais nos compreendem em nossos próprios ciclos...
E aqui, a cadeia asila minha normalidade...
Funestando minha chegada para um novo dia...

Depois da luz do corredor...
O sol nunca mais experimentou aquecer minha pele...
Seca, desidratada...
Marcadas pelas dores de uma vida podre, mal educada...
Vivida pelas ruas e pela amargura de ser só você, somente você...
E aqui estando enclausurado...
Só existe imaginação...
E uma reza para que o inferno não mais me torture...
Sentimentos, só os criados em imagens alusivas a um escuro...
Ressentimentos, só por meus pais que nem cheguei a conhecê-los...
Não sou culpado por ter vindo ao mundo...
Mas inocente por ter sido um feto pré-maturo...
Deixando como dívida por meus pais, em uma boca de fumo...
Meu crime talvez é ter nascido...
Meu medo só existia quando sentia-me sozinho...
E minha vida terminaria no puxar de um gatilho...
Expondo meu sangue para as pessoas...
Como divida para as vidas que eu tirei...
Pois a condicional nunca me deixaria livre para viver feliz...
Seria maltratado pela minha consciência...
E pelos fantasmas das vidas inocentes que eu tirei...
Por isso, deixei esta condicional na lucidez que não estarei mais vivo...
Não depois do puxar desse gatilho...
Pois não tive fé para crer em minha vida.

Marcos Gomes

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