domingo, 24 de maio de 2009

A SORDIDEZ HUMANA


Uma nuvem negra de boatos, fofocas e intrigas, pairam sobre Macapá. Desde pessoas ilustres as mais humildes, são vitimas da maledicência humana. Onde está a origem desse mal? Recordo-me de uma leitura de DOM QUIXOTE, onde Miguel Cervantes dá voz ao personagem: - Ó inveja, origem de males incontáveis e túmulo das virtudes! Todos os demais vícios, Sancho, trazem consigo alguma delicia; só o vício da inveja é feito exclusivamente de desgostos, rancores e fúrias.
Em Calila e Dimna aprendi que “o machado corta a árvore, e esta volta a nascer e crescer; a espada corta a carne e quebra o osso, e a ferida sara e o osso se solda, mas as feridas que a língua abre nunca se cicatrizam”.
E para melhor ilustrar o que penso a respeito, trago aos meus leitores, um artigo da escritora gaúcha LYA LUFT, de quem sou grande admirador e que magistralmente aborda o assunto:
“Ando refletindo sobre nossa capacidade para o mal, a sordidez, a humilhação do outro. A tendência para a morte, não para a vida. Para a destruição, não para a criação. Para a mediocridade confortável, não para a audácia e o fervor que podem ser produtivos. Para a violência demente, não para a conciliação e a humanidade. E vi que isso daria livros e mais livros: se um santo filósofo disse que o ser humano é um anjo montado num porco, eu diria que o porco é desproporcionalmente grande para tal anjo.
Que lado nosso é esse, feliz diante da desgraça alheia? Quem é esse em nós (eu não consigo fazer isso, mas nem por essa razão sou santa), que ri quando o outro cai na calçada? Quem é esse que aguarda a gafe alheia para se divertir? Ou se o outro é traído pela pessoa amada ainda aumenta o conto, exagera, e espalha isso aos quatro ventos – talvez correndo para consolar falsamente o atingido?
O que é essa coisa em nós, que dá mais ouvidos ao comentário maligno do que ao elogio, que sofre com o sucesso alheio e corre para cortar a cabeça
De qualquer um, sobretudo próximo, que se destacar um pouco que seja da mediocridade geral? Quem é essa criatura em nós que não tem partido e nem conhece lealdade, que ri dos honrados, debocha dos fiéis, mente e inventa para manchar a honra de alguém que está trabalhando pelo bem? Desgostamos tanto do outro que não lhe admitimos a alegria, algum tipo de sucesso ou reconhecimento? Quantas vezes ouvimos comentários como: “Ah, sim, ele tem uma mulher carinhosa, mas eu já soube que ele continua muito galinha”. Ou: “Ela conseguiu um bom emprego, deve estar saindo com o chefe
Ou um assessor dele”. Mais ainda: “O filho deles passou de primeira no vestibular, mas parece que...”. Outras pérolas: “Ela é bem bonita, mas quanto preenchimento, Botox e quanta lipo...”.
Detestamos o bem do outro. O porco em nós exulta e sufoca o anjo, quando conseguimos despertar sobre alguém suspeitas e desconfianças, lançar alguma calúnia ou requentar calúnias que estavam esquecidas: mas como pode o outro se dar bem, ver seu trabalho reconhecido, ter admiração e aplauso, quando nos refocilamos na nossa nulidade? Nada disso! Queremos provocar sangue, cheirar fezes, causar medo, queremos a fogueira.
Não todos nem sempre. Mas que em nós espreita esse monstro inimaginável e poderoso, ou simplesmente medíocre e covarde, como é a maioria de nós, ah!, espreita. Afia as unhas, palita os dentes, sacode o comprido rabo, ajeita os chifres, lustra os cascos e, quando pode, dá seu bote. Ainda que seja um comentário aparentemente simples e inócuo, uma pequena lembrança pérfida, como dizer “Ah! sim, ele é um médico brilhante, um advogado competente, um político honrado, uma empresária capaz, uma boa mulher, mas eu soube que...”, e aí se lança o mal cheiroso petardo.
Isso vai bem mais longe do que calúnias e maledicências. Reside e se manifesta explicitamente no assassino que se imola para matar dezenas de inocentes num templo, incluindo entre as vítimas mulheres e crianças... E se dirá que é por idealismo, pela fé, por que seu Deus quis assim, porque terá em compensação o paraíso para si e seus descendentes. É o que acontece tanto no ladrão de tênis quanto no violador de meninas, e no rapaz drogado (ou não) que, para roubar 20 reais ou um celular, mata uma jovem ou um estudante mal saído da adolescência, liquida a pauladas um casal de velhinhos, invade casas e extermina famílias inteiras que dormem.
A sordidez e a morte cochilam em nós, e nem todos conseguem domesticar isso. Ninguém me diga que o criminoso agiu apenas movido pelas
Circunstâncias, de resto é uma boa pessoa. Ninguém me diga que o caluniador é um bom pai, um filho amoroso, um profissional honesto, e apenas exalta seu mortal veneno porque busca a verdade. Ninguém me diga que somos bonzinhos, e só por acaso lançamos o tiro fatal, feito de aço ou expresso em palavras. Ele nasce desse traço de perversão e sordidez que anima o porco, violento ou covarde, e faz chorar o anjo dentro de nós”.

Wagner Gomes
wagnergomesadvocacia@uol.com.br
wg_ed.wagneradv@hotmail.com

quinta-feira, 21 de maio de 2009

“Suas Palavras”


Com suas palavras, recebo boas noticias...
Como palavras de íntimos amigos...
Como palavras chaves...
Que oferecem emoções que desejamos sentir...
Enquanto nessa fase, há um pranto...
Como amantes que magoamos...
Como fiéis que valorizamos...
E nessa situação estamos bem juntos...
Pois com suas palavras, hoje refleti...
Em uma esquina com alguns de meus inimigos...
Onde o rancor desvendava algumas dores...
E as palavras que falou não me serviram...
Talvez por emoções já perdidas...
Que somente o tempo degradou...
E agora é o momento para uma nova cultura...
Onde a leitura reanime e dei vida a alguma de minhas inspirações...
Pois nos livros que leio...
Ainda sou depressivo...
Em um encontro triste...
Que pede liberdade a solidão...
Então acredite na vida que tem pela frente...
Realize alguns de seus sonhos...
Supere isto...
E me conte como foi!...
Preciso de suas palavras renovadas...
Sua visão re-planejada...
Em minhas emoções...
Suas palavras são os caminhos que decifram meus sonhos...
Onde eu não posso me perder e nem me encontrar...
Quero apenas sentir o prazer.

Marcos Gomes 21/05/2009.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

“Sensação de perder”


Estamos em todos os lados...
Suspensos e presos ao mesmo tempo em tudo que nos ofendi...
E nossas armas foram confiscadas...
E os punhos são nossas ultimas funções até sangrar...
E o adeus não será um bom caminho agora amigo...
Espere-me, até trazê-lo noticias boas novamente...
O seu argumento agora não é perfeito...
É temeroso quando se tem família e uma mulher pra amar...
E o meu pedido agora a você...
É que não esqueça que estive ao seu lado...
E esse tempo, foi precioso pra mim...
Suas histórias me deram bons exemplos...
E hoje não tenho mais medo de mostrar quem eu sou...
Sua idade entre a minha mostra o quanto ainda sou um menino...
E nossas histórias juntas mostram o quanto cresci com você...
E nada agora é suficiente para nos distrairmos...
Tente apenas pensar no que perfeitamente poderia ser eterno...
Como sua família, seus filhos...
Pois estou pensando como seria comigo também...
Então vamos, podemos ainda reagir...
Mas amigo, não esqueça de se despedir...
A conquista que alcançarmos hoje...
Mudará nosso destino...
E poderemos realmente viver dignos nessa vida...
Pois honestidade é tudo que temos agora...
Mas se falharmos, um dia ainda o verei novamente...
Com o espírito limpo...
Sabendo que nessa luta, lutamos...
E o inimigo, era todo atraso imaginário...
Em nossa sensação de perder.

Marcos Gomes 20/05/2009

sábado, 16 de maio de 2009

“Eco da verdade”


Mantendo a distância...
É possível sentir a suavidade da saudade...
E acreditar, que esse momento pode ser seu...
Pois nesse complexo de existência...
Não sabemos reagir nesses sentimentos...
E o que exala do cheiro desses sentimentos...
Não podemos sentir...
São emoções sem fragrâncias...
Que desequilibram nossos egos inconscientes...
E tornam-nos figuras sem página...
Em rótulos onde a verdade é a única saída...
Ou suposta inimiga...
Que apaga das oscilações suas crises de mentiras...
Renovando a tranqüilidade...
E permitindo que você minta outra vez...
Na persuasão dos verbos...
Na destreza do olhar...
Nos movimentos e gestos desconfiantes...
Até na forma de dizer eu te amo a alguém...
E é como me encontro também...
Pois minha alma flutua enquanto durmo...
E quando volta ao meu corpo...
Mostra-me o quanto estou doente...
Talvez de suas mentiras...
Acobertadas por meus erros...
Nessa viajem cega...
No comportamento entre os sonhos...
Na vida traída em mentiras...
Ouço a verdade que ecoa.

Marcos Gomes 16/05/2009

quinta-feira, 7 de maio de 2009

“Sentidos frios”


Os fins entre mortais e imortais...
Os fins entre iludidos e ilusões...
Os Deuses podem nos salvar...
Mas por fim deve-se obter sabedoria...
E nesse instante não podemos esperar...
Seus juízos serão seus sacrifícios...
E a fé não pode aguardar...
A reza já pode estar lapidando seu túmulo...
E esse tempo está para cessar...
Então não podemos correr até cansar...
Não podemos nos trancar entre paredes para chorar...
Teu desejo como meus erros foram humanos...
E por favor, não tente me julgar...
Palavras saboreiam me entristecer...
E hoje não estou pronto para chorar...
Um dia já estive!
E esse olhar deseja me apagar...
Mas a verdade é que nunca fui prático para lhe entender...
E vivendo esta fase sinto-me fracassar...
Mas sempre fui seu herói nas suas aventuras...
E agora, não pode me afastar...
Pois o tempo de partir com os deuses fez o silêncio...
E tornaram os infinitos sonhos em malogros...
E eu estive lá para evitar...
Vi humanos em seus defeitos...
Vi humanos em suas frustrações...
Vi a dor esconder a paz medíocre entre os povos...
Vi mortais valorizarem suas vidas já perdidas...
Eu vi um sorriso frágil aonde desejei cuspir...
Vi um rosto envelhecido, enxugando as lágrimas naquele amanhecer...
Senti meus sentidos frios, na dúvida de lhe ter.

Marcos Gomes 07/05/2009.

domingo, 3 de maio de 2009

O JUIZ NA ÓTICA DE UM ADVOGADO.


Candido Naves ensina com razão, quando diz que “o lado do juiz é o lado da justiça. Não importa que esse seja o lado do rico ou o lado do pobre, o lado mais forte ou lado mais fraco, o lado amparado pela simpatia popular ou o lado desprestigiado pela animadversão publica. As preferências ou simpatias, filhas de motivos contrários à justiça, são precárias, transitórias e falazes. Só a justiça convence, afinal, para sempre, como a verdade.” Conclui dizendo que já na Roma antiga não havia maior monstro do que um juiz prevaricador da justiça. Ou na exclamação do padre Vieira, “Deus nos livre de juízes inclinados, senão são Deus. Aonde vai a inclinação, lá vai a sentença”.
Não basta ser fiel aplicador da lei. Essa qualquer pessoa pode aplicar, porque segundo Maggiore, “o fim a atingir-se não é a aplicação da lei, mas a atuação da justiça”. A esse respeito Laércio da Costa Pellegrino, refere-se a Remigius, do século XVII, que, “sem nenhum espírito de maldade, com a consciência tranqüila e o nobre orgulho dos que religiosamente cumprem o seu dever, se ufanava de ter condenado à morte novecentas feiticeiras, uma em cada semana (...)”.
Feitas essas considerações, trago aos nossos leitores o trabalho do Dr. ELIAS MATTAR ASSAD, que é advogado e Presidente de Honra da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (ABRACRIM), sobre a indescritível aura dos juízes vocacionados:

Em seu livro CPP Comentado (RT, p.340), Guilherme de Souza Nucci, Professor de Direito Penal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), demonstrando incomum sensibilidade, observa:

“(...) o julgador que emprega, usualmente, em sua atividade de composição de conflitos, opiniões e conceitos formados de antemão, sem maior preocupação com os fatos alegados pelas partes, nem tampouco atentando para o mau vezo de cultivar idéias preconcebidas sobre determinados assuntos, é um juiz preconceituoso e, consequentemente, parcial. Não está preparado a desempenhar sua atividade com isenção, devendo buscar consertar o seu procedimento, sob pena de se dever afastar da área criminal. Conforme o caso se for extremado o seu modo de agir com parcialidade em qualquer área que escolha judiciar, é caso de se afastar ou ser afastado da magistratura...”

Mais adiante, na obra citada (de leitura obrigatória), prossegue:

“(...) Um magistrado deve ter discernimento suficiente para não se entregar ao ódio a determinados agentes criminosos, nem deve ser racista, pois não são atributos que se aguarda do juiz de direito (...) Ora, todo juiz é, antes de tudo, um ser humano comum, carregando consigo suas boas e más tendências, o que, entretanto, deve situar-se na normalidade, vale dizer, precisa ter controle suficiente para não deixar que isso interfira no seu trabalho, bem como deve vincular-se exclusivamente à prova produzida, abstraindo-se de avaliar o caso, segundo sua inclinação pessoal. É o que a sociedade espera do magistrado. Não o fazendo, e insistindo em ser nitidamente parcial nas suas decisões, passa a se concentrar o problema na esfera disciplinar...”.
Em verdade, ninguém deveria rumar para a Magistratura sem estar vocacionado. Isto nenhum concurso pode detectar, lamentavelmente. O juiz é o único carreirista de Estado que tem seus possíveis defeitos humanos expressamente previstos em lei processual como um risco calculado (tolerável). Ao prever o recurso de embargos de declaração (CPC), o legislador processual vincula o cabimento a ser o juiz: omisso, contraditório, obscuro ou ambíguo, e lhe outorga o poder/dever de corrigir tais falhas quando provocado oportunamente pela parte interessada, ou pela sua própria iniciativa, para corrigir inexatidões materiais ou retificar erros de cálculo. Tanto no Direito Criminal quanto no Cível, é muito usado esse pedido declaratório em sentenças e acórdãos. O que os advogados observam, com certa dose de humor, é a falta de humildade ou excessivo orgulho para o reconhecimento da deficiência. É comum magistrados julgando embargos de declaração explicarem a sentença ou acórdão em vários de seus pontos impugnados, em verdadeira resposta positiva ao pedido subscrito pelos advogados, e julgarem improcedentes os embargos porque “não vislumbraram qualquer omissão, contradição, obscuridade ou ambigüidade...” Assim fosse, contraditoriamente, não precisariam se alongar em explicações. Mais técnico seria julgar procedentes os embargos de declaração explicitando as situações reclamadas. Em processo penal, não raro, os advogados se deparam com situações nas quais muitos magistrados incorrem nas observações de Nucci, distanciando-se dos autos e das normas, para transformar despachos e sentenças em verdadeiros “comícios”. Violam posturas, crendo, piamente, que estão prestando relevantes serviços para a Nação. Nestes casos, é oportuníssima uma reciclagem para possível reversão da obsolescência.
A Lei dá ao juiz todas as ferramentas para o bem presidir e julgar processos, tratar com cordialidade os servidores da justiça, membros do Ministério Público, os advogados, partes, testemunhas... É inamovível, vitalício, não pode ter redução de seus vencimentos, entre as incontáveis prerrogativas da Magistratura e incomparável prestígio social! Juízes vocacionados possuem uma indescritível aura, que chamá-los de Excelência soa sincero aos circunstantes e aos seus próprios tímpanos...

Wagner Gomes
wagnergomesadvocacia@uol.com.br
wg_ed.wagneradv@hotmail.com