quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

“Noite feliz”


Viva com o que tem...
Não reclame do que não tem dado certo...
Existem pessoas humanas...
E sei como me tornar também...
Já me senti há muito tempo na culpa...
E desta vez quero ser outro alguém...
E trazer a felicidade...
Para perto de quem mais a necessita, como eu...
E nessa noite, serei feliz...
Estarei perto de Deus...
Caminhando com seus passos...
Curando os dias de tristezas, que neles vivestes...
E trazer para a realidade...
O futuro que caminhei...
Visitados pelas vidas que amei...
E que as tenho no coração...
E sentir o que eu sinto, não me deixa sozinho...
Tenho a inspiração...
Que facilita que eu seja sua solidão...
E lhe aprecie com a imaginação...
E eu serei assim...
Como ninguém foi por mim...
Até você aparecer...
Agora serei esquecido...
Ao canto apertado no meu quarto de ilusões...
Esperando a noite de natal passar...
Até dormir, e saber que a dor passou.

Marcos Gomes, 16/12/09.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

“Cemitério dos sonhos”


Há quanto tempo conheço você?
Há quanto tempo cuidou de mim?
Às vezes me pego pensando em você...
E seria fácil lhe enganar...
Aonde estamos vivem os cemitérios dos sonhos...
Por onde as almas vagam...
E é por onde vivem meus entes queridos...
E lembram o que eu vivi...
Na época suja...
Quando mais precisei tê-los...
E que assim seja esse novo vício...
Que apaga a depressão momentânea e louca...
E me deixa acreditar no pouco que cresci...
E quando sonho...
Vejo que não vivi!
E o que desaba sobre mim...
São as forças que não uso!
E sinto que meu esforço não superou...
E me entrego como mais um sobrevivente da tristeza...
E deixo que se fechem os portões dos cemitérios dos meus sonhos...
Desejando descansar...
Para acordar purificado do que eu lá vivi...
Na inspiração amarga...
Na dor penetrante que contamina o sangue...
E essas são as alusões que vivemos...
No comportamento que não sonhamos...
Em uma vida que desejamos sermos felizes...
E que me lembra que até antes disso eu era feliz...
Até mesmo sem você...
No cemitério dos sonhos.

Marcos Gomes, 09/12/2009.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

“O lado que resta”


Escute o sussurro dos pensamentos...
Siga em frente...
Acima disso estavam nossas frustrações...
Que vivem no meu quarto de ilusões...
Onde o amor pode realmente amar...
E seu quiser, posso fazê-lo sofrer...
E eu posso dividir com você!
Descobrindo seus desânimos...
E sua vontade de viver...
E entre o que somos...
Sempre há uma saída...
E tenha isso como uma segunda chance...
Pois todos, se quiser, podem ser perdoados...
Até você...
Que ainda fantasia seus rancores...
E é covarde em assumir o que ainda senti...
E os sustos mancham o silêncio...
Acordam nossos desesperos...
E saber que podemos mudar...
Podem mudar as sombras que conhecemos...
E a escuridão não pode ser a mesma que costuma ver...
Vamos deixar passar...
E é preciso ser forte para saber quando gostamos...
E somos a única saída...
Olhando para o mesmo lugar...
Vivendo o imperfeito...
No toque imaturo...
Do lado que ainda resta...
Quando amamos.

Marcos Gomes, 02/12/2009.

domingo, 29 de novembro de 2009

“Retrato incerto”


O futuro é um retrato claro do meu incerto...
Em meio à fusão da mente sufocante...
Que aconchega meu prazer entre lençóis amanhecidos...
E mostra-me isolado até alguém se lembrar de mim...
E todo dia amanheço assim...
Sem um pouco de mim...
Sem a alegria de lembrar como foi uma vez...
E despertar de um sono que nem dormir...
Então agora quero que me leve...
Faça-me ser como você quis...
Faça-me sentir o ódio recompondo a fé...
Faça-me sentir o desprezo abençoando a morte...
Faça-me ser como eu lhe fiz...
E leve-me para um lugar isolado...
Onde não possa me ver...
E nem lembrar que existir...
Deixe sua memória vivenciar seus momentos...
Até o céu nublado sumir...
Até o sol se clarear por sua trilha...
Até o dia acabar e perceber que hoje não pensou mais em mim...
Apagando-me como a morte...
E recobrindo seus sonhos com minha poesia...
Deseje ser outro efeito...
Como foi pra mim uma vez...
E mostre-me como foi esquecer...
Suas lágrimas agora estão sadias...
Pois aquelas que choravam...
Viviam em um funeral...
Agora fique tranqüila...
Fui hoje ao canto aonde a conheci...
E não a vi.

Marcos Gomes, 30/11/09.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

“O fim de ser feliz”


Louco, como uma vida perdida...
Intranqüila de desilusão...
Solitária pelos pensamentos que enganam...
Na fúria de sonhar em vão...
E sei por que esta aqui...
Sua dúvida guarda suas emoções...
O medo de perder é tão forte...
Que acaba perdoando suas decepções...
E ser um velho amigo hoje...
Não fará trazer-me minhas velhas emoções...
O tempo agora é minha cadeia...
E devo respeitá-lo...
Até ter outra chance...
E saber desta vez pedir perdão...
Provei minha inocência...
Provei desta vez ser eu mesmo...
Com um toque claro...
Até as lágrimas secarem sem seu perdão...
Agora sobrevivo de melancolia e desabafos...
E o tempo me faz cumprir isso sem minhas razões...
Não para mim...
Nem para os outros...
Sou a fuga do derrotado...
Sou a verdadeira decepção da paixão...
Estou sendo a escolha da qual nunca fui...
Até os dias me esquecerem...
Até as chances se perderem...
Até o fim do grande e verdadeiro amor não existir...
Até o fim de ser feliz, novamente.

Marcos Gomes, 26/11/2009.

domingo, 22 de novembro de 2009

“Tente fechar os olhos”


Tente fechar os olhos...
E esqueça o que passou...
Tente dormir bem esta noite...
E esqueça sua solidão...
Pois sei o que esta sentindo...
É ruim não poder esta feliz...
E viver o que esta vivendo...
É difícil manobrar com esses ventos...
Os pensamentos seguem na tristeza...
Mas o recomeço é sempre uma constante...
E cada dia que passa...
São com outros olhares que vivemos...
Sempre tentando outra vez...
Até esquecer...
E olhar para o que vimos...
E não sentir mais a dor...
Não viver mais o nada...
E saber que superou...
E esta vivo...
Como as outras pessoas felizes...
Até mesmo como a que lhe magoou...
Agora seja sua felicidade...
Conte aos outros como esta feliz...
Mostre como vive hoje seu mais nobre sorriso...
Conte-me quem amou...
Deixe-me ser o que estava perdido...
Já fui sua decepção...
Agora abra seus olhos...
Gostaria de mais uma canção?

Marcos Gomes, 22/11/2009.

sábado, 14 de novembro de 2009

“Veja o que foi com você”


Compreendo a dor que sinto hoje...
Sei que o tempo parece parar quando dói...
Mas me incomodo quando deixo de sentir...
O que um dia fez parte de mim...
E é assim que encontro meu caminho...
Na paciência que nunca me ensinou...
Na reflexão que nunca me ajudou...
E hoje dependo desses detalhes...
Desde quando se afastou...
E é puro suar sem seu calor...
É puro sonhar sem teu amor...
Tuas palavras deram vidas a novos destinos...
E hoje podemos realmente amar...
Como nunca lhe amei...
Como nunca lhe toquei...
Simplesmente temos que amar...
Esquecer nossas tristezas...
Da fonte que nos magoou...
E podemos dar valor e acreditar nessa nova vida...
E deixar de lado com o que muito tempo nos importou...
Em uma vida apagada...
Em um efeito que não passou...
Pelo menos por meus sorrisos...
Ou pelas recordações que o amor deixou...
Agora vista seus estímulos...
Pois esta dor já passou...
Abra seus olhos quando estiver bem longe...
E veja de onde estiver dentro de mim...
O que foi com você...
E não voltou.

Marcos Gomes, 14/11/2009.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

“Como esquecemos”


Como esquecemos quem amamos...
Se a imaginação que me leva a você não se apaga...
Como sabemos se ainda gostamos...
Se os momentos eternos não se afastam...
Ouvir dizer que os sorrisos correspondiam os sentimentos...
Mas hoje não houve mais sorriso...
Então não sei perceber!
Eu vejo você feliz...
Como nunca me senti com você...
Eu sabia que os sentimentos e o amor não eram eternos...
Assim como eu!
Então compreendo que nunca amei...
Mas sei o que é amor...
Assim como não lembro quando pequei...
Mas visitei Deus...
E hoje eu me torturo...
Pois sei o que escolheu...
E eu não sou mais uma dica...
Pra cuidar e abrigar algum sentimento...
E o que resta...
São somente minhas emoções...
Que vagam em um imenso vazio...
Na imaginação...
E como esquecemos?
Não pergunte a solidão!
Meu ódio tornou-se meu inimigo...
A minha incerteza decepção...
E como sabemos se não chorarmos?
Dê-me outra opção.

Marcos Gomes, 06/11/2009.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

“A outra face”


A dor simboliza o nascimento...
E é por onde vem ao mundo mais um nobre servo...
E é por onde vejo-me caminhar novamente...
Sentindo levemente...
O que somos quando perdemos!
E a ânsia cria nossas perguntas...
E é quando paro e pergunto-me...
Quanto tempo levei para entender?
E volto a sonhar no horizonte desse grande fim...
E sinto viciar dentro de mim...
Um outro momento sem você...
E é quando não paro...
E nem desisto de esquecer...
Pois o que soa nos pensamentos...
É só imaginação...
Sua linguagem esta morta...
E o que sonhamos também...
Então olhe para perto...
E sinta como hoje me sinto...
E saberá que as escolhas...
Foram nossos distintos caminhos...
Que nos deixaram bem longe...
Para esquecermo-nos de voltar...
Pois daria vida ao arrependimento...
E nossa piedade não entenderia...
Não desta vez!
Os caminhos que encontramos não fizeram esquecer...
Os caminhos que nos perdemos nos achamos...
Somos a outra face...
Da qual um dia vivemos...
E hoje nem lembramos.

Marcos Gomes, 03/11/09.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

“Linguagem da morte”


A linguagem da morte...
Na mais nobre sintonia...
Que deixa-me viver meus últimos sentimentos...
Na alegria de voltar a sentir meus sorrisos...
E saber que você esteve perto para vê-los...
Como um dia voltarei para me redimir...
Pela sinfonia secreta que compôs minha alma...
E que me ajuda a esquecer...
Eu junto aos passos do criador...
Que executa sua raiva e chama os trovões...
Retrata sua cria...
E retarda seus sentimentos...
E o que sobra...
São as migalhas de um verdadeiro amor...
Que nos tiraram...
Juntos de nossos filhos...
Que não enxergavam mais a dádiva da vida...
E se enterravam vivos juntos a oração...
E o que retarda agora é minha depressão...
Longe de conhecimentos...
Falha na ignorância de meus talentos...
Por onde só vivem minhas vagas memórias...
Que compõem a morte...
Elucidada das verdades que eu desvendei...
Como a culpa...
E suas dores...
Ser vítima desta sintonia...
É o que podemos sentir...
Seja o que você pode ser...
Até esta linguagem lhe esquecer.

Marcos Gomes, 20/10/09.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

“Somos a dor”


Venda sua vida...
Salve seus amigos...
Temos umas escolhas para oferecer...
Famintos morrem sem temperar sua dor...
Negros e brancos trocam figurinhas em preto e branco...
E como ficamos sem diferenciarmos as cores?
Os arco-íris são a esperança...
Os nossos preconceitos são muito jovens para entender...
Mais eu posso te ofender!
Como ofendo sua raça...
Sua família...
Sua cor...
E você não pode me oprimir!
Deus fez o homem e a mulher...
Fez raças e cores...
Deu-lhes vida...
E eu não sigo regras e nem religião...
Aponto a arma...
E disparo em um escuro sem complicação...
Mas ainda posso ter calma...
Eu não sou o que eu me fiz!
Entenda meus conselhos...
E apague suas desconfianças...
Me isolei para lhe entender...
Por isso não piso mais em esmolas...
Eu sou fraco sem você perceber...
E deixo de fora agora meu orgulho...
Nossas falhas falham em nossos xingamentos...
Em nossas diferenças...
Entre cor...
Quando somos uns aos outros...
E nossa verdade se iguala...
Quando somos a dor.

Marcos Gomes, 13/10/09.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

“Lembranças de Deus”


As lembranças de Deus...
Como lembranças de uma saudade infinita...
São lembranças que não apagam-se...
Mesmo quando não tentamos viver...
É um efeito sobre nossas naturezas...
Como suspirar karmas...
Apagar devoções...
Onde podemos lutar novamente...
E saber para que lado escolheremos vencer ou perder...
E entre nossos corações, surgir amor...
Para curarmos almas infelizes...
E atravessar a vida com nossas compaixões...
Como viver e saber amar...
Valorizar e saber perder...
Respeitar e saber conquistar...
E saber que entre tudo e todos, somos e fomos uma razão...
Dentro da solidão amarga...
Junto aos passos do perdedor...
Que reprime seu amor próprio...
Em busca da dor para suas revelações...
As lembranças de Deus...
São as lembranças curtas que vivenciamos com os passos da vida...
São nossas farras em uma noite de diversão...
São o que pecamos e reconquistamos...
São as vozes do além que rodeiam nossa dimensão...
E quando acordo...
Ouço a verdade que me diz a vida...
Seja sua inspiração.

Marcos Gomes, 09/10/2009.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

“Entre luzes e trevas”


Entre todos os seus santos...
Qual poderia me oferecer um refúgio espiritual?
Entre os seus anjos...
Qual poderia ser meu guardião?
Nas cidades das luzes...
Os caminhos estão abertos e seguros...
Nas cidades das trevas...
Os caminhos ficam fechados no subconsciente...
E o ódio e desejo se coalizam...
E não sei mais em que acreditar...
As profecias aguardavam nossas mudanças...
Assim como as mudanças resistiram ao tempo, como a mim...
E hoje vivo a liberdade...
No amanhã que nunca saberei...
Nas cidades das luzes...
Nas cidades das trevas...
Entre santos, anjos e demônios...
E por onde devo exigir de mim?
Há uma escuridão nos meus olhos...
Já houve momento que tentei esquecer...
Um suave som surgir...
E através de sentimentos consigo ver...
E por favor, não implore!
Por onde for saberei que existiu...
Assim como sei quem eu fui...
E tudo se coaliza...
Assim como as trevas e as luzes...
Assim como os sonhos...
E a vontade de vivê-los mais uma vez.

Marcos Gomes, 28/09/09.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

“O que eu não sou”


Deus tire-me desse passeio frio...
Não há mais razão para percorrê-lo...
Estou aqui, como o Senhor pediu...
Sem amarras...
Com um coração fragilizado e sem medo de sofrer...
Tudo foi como o senhor havia me dito...
E tudo ocorreu como não pratiquei...
Meu Deus traga-me a fé...
Meus atos são incômodos impulsivos...
Que magoam minha alma...
E não sinto meu coração se envolver...
Lembra-se quando eu sentia-me fraco e doente...
Era para seus braços que eu corria...
Agora meu Deus...
Amputei meu colo...
Onde meu ultimo sorriso lagrimou...
E eu ainda amargo minha alma...
Quando vejo o que me restou...
Meu Deus sinto-me na escuridão...
Onde seus olhos não poderão enxergar por mim...
Estou em busca de uma luz para minha alma...
Onde eu possa ter fé...
Herdada de meus entes queridos...
Para trazê-los...
Se acreditar e conquistar o que alcancei...
Como me alcançastes...
Quando ainda era frágil e sem perdão...
E me resguardei hoje da dura decepção...
E sinto sua falta...
Quando sei o que eu não sou.

Marcos Gomes, 11/09/2009.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

“O vidente”


Aos olhos da tristeza...
Enxerguei bem fundo nos olhos de um vidente...
E foi quando ele me disse...
“Você está pronto para esquecer?”
Toda minha certeza e dúvida se perdiam em suas palavras...
Daí senti algo afastando-se de meus sentimentos...
Como a dor de perder alguém próximo...
E não vê-lo por mais nenhum dia para se despedir...
Toda aquela áurea espiritual me consumia, me partia...
E eu tentava apenas fechar meus olhos e tampar os ouvidos...
Para não ver e nem ouvir minhas verdades explicitas...
E foi quando não pude mais sentir...
Todos meus desabafos e segredos perseguidos...
Pela minha consciência fraca enclausurada...
De mentiras e solidão...
Onde eu me maltratava em plenos dias depressivos...
Por ter sido uma intensa ilusão...
Em uma linguagem apaixonante...
Difusa de imaginação...
Que agora quer seus planos de volta...
Sem frustrações e consentimentos...
Acreditando em algo que irá florescer...
E foi quando o vidente me disse...
“Nessa vida não terá amor,
Mas poderá mudar a vida das pessoas que ama”...
Então foi quando respondi...
“Minha vida está enterrada demais,
Estou pronto para esquecer”.

Marcos Gomes 08/09/2009.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

“OS VOTOS ’’


Caros amigos, trago hoje aos senhores uma poesia que circula na internet como sendo de Victor Hugo, com o titulo "Desejos", mas que na realidade é de autoria de Sergio Jockymann e que foi publicada pela primeira vez em 1980 no Jornal Folha da Tarde, Porto Alegre - RS, intitulada "Os votos".

“Desejo primeiro, que você ame, e que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer e esquecendo não guarde magoa.
Desejo pois, que não seja assim, mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos, que mesmo maus e inconseqüentes,
sejam corajosos e fiéis, e que em pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar,
E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos;
Nem muitos, nem poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes,
você se interpele a respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil, mas não insubstituível.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada,
essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante;
não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
mas com os que erram muito e irremediavelmente,
e que fazendo bom uso dessa tolerância, você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você sendo jovem não amadureça depressa demais,
e que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
e que sendo velho não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
é preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste;
não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom;
o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra, com o máximo de urgência,
acima e a despeito de tudo, que existem oprimidos,
injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
alimente um cuco e ouça o João-de-barro
erguer triunfante o seu canto matinal;
porque assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
por mais minúscula que seja, e acompanhe o seu crescimento,
para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo outrossim, que você tenha dinheiro,porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele
na sua frente e diga "Isso é meu",
só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum dos seus afetos morra, por ele e por você,
mas que se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo um homem, tenha uma boa mulher,
e que sendo uma mulher, tenha um bom homem
e que se amem hoje, amanhã e no dia seguinte,
e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer, não tenho nada mais a te desejar.’’

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

“Espelho frágil”


Espelho frágil...
Imagem deprimida...
Quanto tempo temos até esquecer?
Tudo o que nos ocorreu...
Tudo o que nos tiraram...
E como nos perdemos...
Tudo foi como queríamos...
E como tínhamos que ser...
Nossa fase era sinônimo de rebeldia...
Assim como as marcas deixadas pelo tempo...
Cicatrizaram na lembrança...
Momentos eternamente vividos...
Que hoje não consigo mais viver...
Sem o suor envolvente daquela época...
Onde a amizade ainda era nossa cura...
E hoje, o tempo é incapaz de mudar...
Como queremos...
Se não tentamos...
Nossas idéias irreais...
Sem conquistas absurdas...
Pois foi isso que me fez rever...
Meus conceitos em um momento de extermínio...
Onde meu lado eloqüente neutraliza meu lado mais insano...
E mostra-me o quanto ainda sou pequeno...
Perto dos demais...
Que conquistaram minha confiança...
Mas desapareceram de minha vida, quando não pude mais tê-los...
E agora, olhando-me ao espelho, sei definir...
O que não posso mais ter.

Marcos Gomes, 20/08/2009.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

“Sem saber”


Eu me encontro só...
Entre mais um espaço perdido na imensidão...
Os sonhos confundem minhas ocasiões...
E eu me sinto isolado de novo sem saber...
Como foi e como será...
E se ainda estarei sentado...
Como se estivesse pronto pra morrer...
Como em outras vezes...
Na perdida consciência...
Que afastou de mim, belas recordações...
Onde você era presente...
E agora está em seu túmulo...
E minha parte mais fraca...
É onde me apago...
Na circunstância da dor...
No pensar induzido...
Buscando viver um novo amor...
Sem sua predileta fantasia...
E rodeado de encontros de ilusões...
Nessa farsa indigesta...
De interesses e decepções...
Onde me entrego de novo...
Já imaginando me perder...
Na intuição...
No desabafo...
Nas verdades nunca ditas...
Enxergando seu belo olhar...
Distraindo minhas imperfeições...
Como se eu estivesse vivo, sem saber.

Marcos Gomes, 12/08/2009.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

“Como estamos”


Escuto distante na colina...
Os ventos alísios que mudaram seu tempo...
Assim como minhas palavras mudaram seu rumo...
E o conselho não partiu de mim...
Aquela tristeza não era própria...
Assim como meus pensamentos...
Influenciados pelo ódio diante seu rancor...
E sua solidão não estava completa...
Faltavam minhas angústias afogarem suas emoções...
Como as possuiu quando as tinha...
E as praticou sem devoção...
E agora, o verme ignóbil partiu...
Sem sua fúria...
E sonetos de amor...
E aquilo que vimos...
Nunca fez parte de sua atitude...
Assim como os sonhos nunca suavizaram a dor...
E a liberdade esta exposta...
Como minha alma a Jesus...
Então meu Deus, não me leve de volta?
Não me torture mais por onde pequei...
Pois sinto ainda o peso da mágoa...
E isso não me trará de volta...
É isso que me afasta...
Quando assassino quem eu sou...
E minha lápide torna-se uma saída...
Quando não gostamos de quem somos...
E o pecado, meu Deus!
É como estamos.

Marcos Gomes 16/07/2009.

“Ausência”


Nos teus versos, senti minha primeira paixão...
Nos teus olhares, não sentia-me na solidão...
O teu pleno sorriso trouxe-me pra perto outra vez...
Andava em caminhos perdidos...
E meus sonhos haviam se desabado sobre minha fraqueza...
O único dito era pra trazê-la de volta...
O único sentimento era em não perdê-la em um quarto escuro...
Você sonhará outra vez, eu dizia!
Você sonhará!
E eu lhe trarei de volta...
E você poderá me chamar outra vez...
Com gestos, palavras de amor...
Você é, e foi minha vida...
E eu me sinto perdido nesse vazio aqui dentro...
Teus costumes me aprisionaram nesse estado de tranqüilidade...
E eu me sinto tão perdido quando não escuto mais sua voz...
Eu me perdi de você...
Que sempre acreditou em mim...
Eu me fiz de desentendido...
Quando só queria meu bem...
Eu te amo, mas dizer isso não foge de minha consciência, aonde estiver...
Pois teu amor ainda posso sentir...
Sinto sua falta, no momento em que mais é preciso entender...
E meu coração se sente ferido, magoado e partido...
Minhas frases fracas representam meus atos de desespero...
E teu acumulo de desejo me guarda nessa melancolia, sem seu perdão.

Marcos Gomes.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

“Dor”


Os pesadelos em um forâneo encontro...
Em um funeral que aprecia lhe ter...
E como seria matar?
A vida me disponibiliza morrer...
Como morro em pensamentos mórbidos...
Na surpresa de não mais me ter...
Sem uma boa aventura...
Sem uma boa canção para esquecer...
Tudo é prático e defeituoso...
Em um ser depressivo e estranho para viver...
Temos nossas almas...
Mas não temos mais nossas escolhas...
E eu confiei minha sorte em quem não deveria...
Então, perdi mais uma escolha...
E hoje entendo quando desejei me afastar...
Mas sinto pessoas desejando eu me perder...
Como já havia me perdido...
Calado e excluso de meu ser...
E nessa memória assombrosa...
Meus pesadelos permanecem até eu partir...
Nos labirintos dos trovões...
Na escuridão entre ratos e baratas...
Na tempestade que adoça e purifica minha alma...
E no gritar...
Esperando reagir...
Minha vida é um segredo...
Diante suas deduções...
Enquanto me afogo em estragos...
Ouço uma dor paira na solidão.

Marcos Gomes, 09/07/2009.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

“Último prazer”


O outro dia chega...
Assim como as horas, as respostas...
E o que fica são somente as dúvidas...
E meu espaço fica quieto...
Entre tantos momentos a pensar...
Do quanto eu pude reclamar...
Agora, se arrepender...
E como devo reagir se não superar?
A dor dura até amanhecer!
E as lembranças se perdem em outras já esquecidas...
E o meu fantasma se perdeu...
Na imaginação longínqua...
Aonde teus pensamentos não me encontram...
E nem me afastam de você...
Assim como minhas rezas...
Que te encontram no espaço aonde te deixei...
E assim fecho meus olhos...
E deixo surgir...
Tudo como perfeitamente deveria ser...
Tudo como em seus momentos não foram...
E então abro meus olhos...
E vejo erros diluídos se partirem...
No abstrato de suas dúvidas...
Na imaginação que lhe permitir...
Eu faço estar nesse estado de tristezas...
Minhas reações mais agradáveis...
Entre meus desejos mais desejados a você...
Como minhas alegrias...
Apostando sentir nesse vazio, um último prazer.

Marcos Gomes, 06/07/09.

“Tudo estará por vir”


Tudo o que eu me esquecia você clareou-me aqui...
Tudo o que eu menos tinha você me fez conquista aqui...
Por mais que existisse seu perdão, tudo estava assim...
Feito sobre significados de um destino, junto à teoria de um saber...
Tudo o que eu percebia era minha falta aí...
Tudo o que eu queria era tê-la aqui...
Tudo o que eu procurava talvez não estivesse por vir...
Talvez meu sentimento não merecesse essa chance...
Talvez meus sonhos não lêem, não alcancem...
Talvez meus risos não agradem, só disfarcem...
Ou talvez tenha os perdido, não esquecido...
Tudo melhoraria se você me entendesse assim...
Tudo se encontraria se você me envolvesse assim...
Tudo se solucionaria se você me compreendesse assim...
Que por mais que existisse seu perdão, eu estava assim...
Procurei por noites em claro tentar achar você...
Tentei por ações e reações tentar conquistar você...
Não se a tenho...
Não a vejo...
Não a sinto...
Não durmo...
Os infinitos sonhos vivem sem descansos...
Os verdadeiros pensamentos vivem as virtudes...
Os arrependimentos vivem as reflexões...
E por mais que estejamos vivendo a qualquer tipo de concepção...
Preterir ou desejar...
Tudo estará por vir...
Um poeta nunca se vê por traz de uma parede...
Mas sabe que há de esta por traz dela.

Marcos Gomes.

terça-feira, 30 de junho de 2009

“Noite de blues”


As lembranças em uma noite de blues...
Livre e perdido para amar...
Correndo solto, como louco, entre a multidão...
Mas era você quem deveria amar...
Os sons dos metais empolgavam meus sentimentos...
E aquela foi minha noite mais vivida...
Que o sonho me fez viver...
Sem encontros planejados...
Sem encontros desejados...
Era eu você, na singela emoção de amar...
Em busca de uma vida mais límpida...
Como a cor e o brilho da natureza...
Onde os sorrisos não disfarçam a solidão...
E minha paz consolidaria em tê-la...
Nas lembranças em uma noite de blues...
Entre as festas...
Entregues as carências...
Um beijo te desejando amor...
E gritar para o mundo que encontrei você...
Diante os pileques vividos quando não pude lhe ter...
E peço agora que me abrace...
Pois nessa noite será minha...
Como minha última paixão para amar...
Como minha última canção para escutar...
Nesse intervalo de emoção...
Entre minhas composições poéticas...
Entre o sonho perdido que reencontrei...
Tudo não passa de minhas lembranças...
Em uma noite desejada de blues.

Marcos Gomes, 30/06/2009.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Caminhos obscuros


Entre o espaço e tempo...
Vejo sentimentos que deságuam ansiedade e refletem-lhe carência...
Perplexando desejos...
Em escuros profundos pela tristeza...
Que sentem a falta de seu beijo...
E lhe mostram o opaco de seu brilho...
Surpreendentemente ludibriado por uma dor...
Por onde somente meus olhos interpretam o que senti...
E pela penumbra de seus anseios...
Ofuscam-se seus sentimentos...
Hoje estou só...
Amanhã estarei à procura de um sentido...
O enigmático é uma façanha...
Portanto, seus anjos são a fonte dos caminhos...
Através de encontros que camuflam sujeiras entre asfalto...
Por complexos onde a ocasião admite o que sentimos...
E eu pressinto um obscuro...
Mas você clareia essa ausência.

Marcos Gomes.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

“Palavras”


Talvez palavras lembrassem do que preciso...
Nesse consciente confuso...
Consumido por uma tristeza que o alimenta...
Talvez seus braços aquecessem-me desse frio...
Nessa carência constante...
Em busca de sua fonte que a elimina...
Eu sinto seu amor...
E a lembrança de seu beijo torna-se fé e esperança...
Os desejos restringem seus sentimentos...
Em busca da felicidade que mais lhe completa...
Por visões onde seus passos perdem suas inocências...
E descobrem que o caminho que o transforma...
São suas visões transcendentes...
Onde seu pecado me introduz amor...
E reflete em nossa volta toda nossa natureza...
Podemos deixar de pensar em tristezas...
Mas o que eu sinto se apaga nessa tristeza...
Estou vivendo sua maneira...
E apelo pela sua presença...
E por todos os seus sonhos...
Encontrei-me lá por suas lembranças...
Os momentos movem-nos a emoções...
Pelos sentimentos que movimentam-nos a nossos instintos...
E as palavras tornam-se culpas impulsivas...
Talvez essas palavras lembrassem do que preciso.

Marcos Gomes.

terça-feira, 2 de junho de 2009

“O fruto”


O fruto não pode ser tocado...
O fruto não pode ser cortado...
Eu o guardo para um dia devolver...
Como forma de respeito e gratidão...
No anseio de ainda sentir o que nunca deixei...
Mesmo no amargo da dor...
Na extinção da esperança...
Quando o momento foi à morte...
E o meu colapso foi pensar em tê-la...
Então, por que partiu?
Fostes e não saboreastes o fruto...
O meu desespero foi a solução...
E agora estou de volta aqui...
Entre jogos e venenos...
E qual foi sua história?
A minha já foi mentida...
Quer vê-la, abra está porta?
Veja meus filhos, meninos depressivos...
Meus estímulos consumidos...
E mesmo desejando a morte, estou vivo...
Pois você que partiu...
Preferiu fazer eu sofrer minhas tristezas pela ilusão...
E agora reconheço o tempo de se partir o fruto...
Antes da vontade de consumi-lo...
Antes da vontade de pedir mais um...
E hoje diante disso...
Tuas preces estão sendo escritas e vividas pelo tempo...
Onde teu amor ainda torna-se envolvente...
E eu me perco nessa distração...
Achando voltar a um tempo, longe de minhas confissões.

Marcos Gomes 02/06/2009.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

DUBAI OU TAILÃNDIA?


Ontem, no final da tarde chuvosa, após algumas doses de uísque, selo preto, o meu amigo sociólogo Jocivaldo França, que também é um profundo conhecedor das letras, dizia-me, citando Honoré de Balzac:
O amor é dizer a si mesmo: “aquele (a) que amo é um (a) infame; engana-me; enganar-me-á; é um (a) libertino (a) um (a) ingrato (a)”. E correr para ele (a) e nele (a) encontrar o azul do éter e as flores do paraíso.
Refletindo sobre o assunto, lembrei de um conto em forma de carta de autoria de Wilson Rodrigues Carvalho, colunista do site Quarta Coluna, e que também assina os romances “O segredo de Kauana Lyra”, e “Nós, os revolucionários”.

Prezado desgraçado,

Ninguém mais escreve cartas. Como ainda me sinto alguém, apesar de tudo, escrevo essas parcas linhas, seu porco, para expor-lhe algumas dúvidas. Sabe quando, após 35 anos, vc se olha no espelho e finalmente se vê? Evidente que não me responderá, pois, do alto dos seus 58 anos, vc certamente não se enxergou uma vez sequer. O seu ego sempre tapava a imagem no espelho. Seu pênis nunca me causou grandes impressões, ao contrário do seu ego superdotado. Fui ingênua, relacionei idade com maturidade e sabedoria. Nem sabedoria fútil de botequim encontrei em vc. Achávamos que era fácil enganar sua...aquela mulher. Várias vezes gozamos da sua (dela) ingenuidade execrável. Ela acreditava muito facilmente nas suas explicações fajutas. Eu condenava a sua (dela) tolice e, cega, não enxergava a minha própria. Tola, ingênua, humilhada. Em resumo: eu.
Sinto-me envergonhada ao reconhecer nossa ausência total de originalidade: reuniões nos fins de semana?, pescaria no clube de campo, vc, um ser urbano que não sabe pegar peixe nem na feira?, futebol com os amigos nos hábitos de um sedentário convicto, amante de maminha, picanha e charuto cubano? A vergonha é um prato que se come frio. Na pior hipótese (continuo nada original), poderia ser tudo igual, até hoje. Não queríamos reinventar a roda dos amantes secretos. Se eu não fosse tão manipulável, quando supostamente apaixonada, vc não teria levado aquela peça íntima no bolso do terno. Eu não conseguia contemplar o firmamento sem ver a miragem do seu rosto entre nuvens de algodão e o azul do céu. Se é que existe céu. Pois, hoje, vc é pra mim apenas mais um entre executivos prepotentes e egocêntricos que passam em seus carrões, falando no celular com expressão de idiota sério e responsável. Vc sabe o que é dinheiro e a felicidade vil que ele pode comprar, sabe sobre ternos caros, sapatos italianos e agenda lotada, mas não sabe o que é humilhação, seu cretino. Então, vou tentar lhe descrever: ela entrou no meu consultório como uma paciente qualquer, olhou-me fundo nos olhos, não notei nada anormal, sorriu sem mostrar-me os dentes. Estendi a mão, ela estendeu a sua, mas permaneceu com ela cerrada, como se segurasse um pequeno pássaro fujão. Quando toquei sua mão, senti o tecido sedoso. Dentro da calcinha embolada, um papelzinho branco, sobre o papelzinho branco o número 7398-1222. Lembra-se do número da minha clínica, seu tolo cheirador de calcinha alheias? Eu e os lugares-comuns dos amantes secretos. Ela não me xingou sequer do mais clichê dos nomes para amantes secretas; piranha ou vaca, por exemplo. Então, eis aqui a revelação, imbecil: ela sempre soube de nós. E, que raiva, das outras sobre as quais eu não sabia, seu porco gordo e repulsivo. Ela suportava porque não precisava de vc, físico e espiritualmente falando; precisava dos seus cartões sem limite e da sua assinatura para abrir contas secretas em paraísos fiscais; ela malhava, lia, pegava avião como quem pega ônibus todo dia de manhã para trabalhar, ela transava com deuses do Olimpo que cobravam fortunas, às suas custas; e vc crente de que ela passava o dia descabelada, deprimida sobre a cama, esperando o que vc jamais daria. Ela fazia bacanais em Dubai, no Burj AL Arab, e ligava chorando, enquanto era currada por um negro enorme (em todos os sentidos), dizendo que não via a hora de voltar para casa. Vc não era o único homem dela? O único que “entrava ali”, como gostava de se gabar? Droga! Sinto falta dele. Ele nunca mais vai querer ouvir falar em mim, se receber esta carta. E ninguém mais escreve cartas. Vou enviar um e-mail, dizendo que estou um pouco chateada. Digo que não posso explicar e me alongar muito, pois tenho muito trabalho. Quem sabe o descarado, o sem-vergonha não me propõe um fim de semana em Dubai, para conversarmos como dois jovens adultos. Antes, porém, posso ligar para ela, e perguntar se Dubai é melhor do que a Tailândia.

Wagner Gomes
wagnergomesadvocacia@uol.com.br
wg_ed.wagneradv@hotmail.com

domingo, 24 de maio de 2009

A SORDIDEZ HUMANA


Uma nuvem negra de boatos, fofocas e intrigas, pairam sobre Macapá. Desde pessoas ilustres as mais humildes, são vitimas da maledicência humana. Onde está a origem desse mal? Recordo-me de uma leitura de DOM QUIXOTE, onde Miguel Cervantes dá voz ao personagem: - Ó inveja, origem de males incontáveis e túmulo das virtudes! Todos os demais vícios, Sancho, trazem consigo alguma delicia; só o vício da inveja é feito exclusivamente de desgostos, rancores e fúrias.
Em Calila e Dimna aprendi que “o machado corta a árvore, e esta volta a nascer e crescer; a espada corta a carne e quebra o osso, e a ferida sara e o osso se solda, mas as feridas que a língua abre nunca se cicatrizam”.
E para melhor ilustrar o que penso a respeito, trago aos meus leitores, um artigo da escritora gaúcha LYA LUFT, de quem sou grande admirador e que magistralmente aborda o assunto:
“Ando refletindo sobre nossa capacidade para o mal, a sordidez, a humilhação do outro. A tendência para a morte, não para a vida. Para a destruição, não para a criação. Para a mediocridade confortável, não para a audácia e o fervor que podem ser produtivos. Para a violência demente, não para a conciliação e a humanidade. E vi que isso daria livros e mais livros: se um santo filósofo disse que o ser humano é um anjo montado num porco, eu diria que o porco é desproporcionalmente grande para tal anjo.
Que lado nosso é esse, feliz diante da desgraça alheia? Quem é esse em nós (eu não consigo fazer isso, mas nem por essa razão sou santa), que ri quando o outro cai na calçada? Quem é esse que aguarda a gafe alheia para se divertir? Ou se o outro é traído pela pessoa amada ainda aumenta o conto, exagera, e espalha isso aos quatro ventos – talvez correndo para consolar falsamente o atingido?
O que é essa coisa em nós, que dá mais ouvidos ao comentário maligno do que ao elogio, que sofre com o sucesso alheio e corre para cortar a cabeça
De qualquer um, sobretudo próximo, que se destacar um pouco que seja da mediocridade geral? Quem é essa criatura em nós que não tem partido e nem conhece lealdade, que ri dos honrados, debocha dos fiéis, mente e inventa para manchar a honra de alguém que está trabalhando pelo bem? Desgostamos tanto do outro que não lhe admitimos a alegria, algum tipo de sucesso ou reconhecimento? Quantas vezes ouvimos comentários como: “Ah, sim, ele tem uma mulher carinhosa, mas eu já soube que ele continua muito galinha”. Ou: “Ela conseguiu um bom emprego, deve estar saindo com o chefe
Ou um assessor dele”. Mais ainda: “O filho deles passou de primeira no vestibular, mas parece que...”. Outras pérolas: “Ela é bem bonita, mas quanto preenchimento, Botox e quanta lipo...”.
Detestamos o bem do outro. O porco em nós exulta e sufoca o anjo, quando conseguimos despertar sobre alguém suspeitas e desconfianças, lançar alguma calúnia ou requentar calúnias que estavam esquecidas: mas como pode o outro se dar bem, ver seu trabalho reconhecido, ter admiração e aplauso, quando nos refocilamos na nossa nulidade? Nada disso! Queremos provocar sangue, cheirar fezes, causar medo, queremos a fogueira.
Não todos nem sempre. Mas que em nós espreita esse monstro inimaginável e poderoso, ou simplesmente medíocre e covarde, como é a maioria de nós, ah!, espreita. Afia as unhas, palita os dentes, sacode o comprido rabo, ajeita os chifres, lustra os cascos e, quando pode, dá seu bote. Ainda que seja um comentário aparentemente simples e inócuo, uma pequena lembrança pérfida, como dizer “Ah! sim, ele é um médico brilhante, um advogado competente, um político honrado, uma empresária capaz, uma boa mulher, mas eu soube que...”, e aí se lança o mal cheiroso petardo.
Isso vai bem mais longe do que calúnias e maledicências. Reside e se manifesta explicitamente no assassino que se imola para matar dezenas de inocentes num templo, incluindo entre as vítimas mulheres e crianças... E se dirá que é por idealismo, pela fé, por que seu Deus quis assim, porque terá em compensação o paraíso para si e seus descendentes. É o que acontece tanto no ladrão de tênis quanto no violador de meninas, e no rapaz drogado (ou não) que, para roubar 20 reais ou um celular, mata uma jovem ou um estudante mal saído da adolescência, liquida a pauladas um casal de velhinhos, invade casas e extermina famílias inteiras que dormem.
A sordidez e a morte cochilam em nós, e nem todos conseguem domesticar isso. Ninguém me diga que o criminoso agiu apenas movido pelas
Circunstâncias, de resto é uma boa pessoa. Ninguém me diga que o caluniador é um bom pai, um filho amoroso, um profissional honesto, e apenas exalta seu mortal veneno porque busca a verdade. Ninguém me diga que somos bonzinhos, e só por acaso lançamos o tiro fatal, feito de aço ou expresso em palavras. Ele nasce desse traço de perversão e sordidez que anima o porco, violento ou covarde, e faz chorar o anjo dentro de nós”.

Wagner Gomes
wagnergomesadvocacia@uol.com.br
wg_ed.wagneradv@hotmail.com

quinta-feira, 21 de maio de 2009

“Suas Palavras”


Com suas palavras, recebo boas noticias...
Como palavras de íntimos amigos...
Como palavras chaves...
Que oferecem emoções que desejamos sentir...
Enquanto nessa fase, há um pranto...
Como amantes que magoamos...
Como fiéis que valorizamos...
E nessa situação estamos bem juntos...
Pois com suas palavras, hoje refleti...
Em uma esquina com alguns de meus inimigos...
Onde o rancor desvendava algumas dores...
E as palavras que falou não me serviram...
Talvez por emoções já perdidas...
Que somente o tempo degradou...
E agora é o momento para uma nova cultura...
Onde a leitura reanime e dei vida a alguma de minhas inspirações...
Pois nos livros que leio...
Ainda sou depressivo...
Em um encontro triste...
Que pede liberdade a solidão...
Então acredite na vida que tem pela frente...
Realize alguns de seus sonhos...
Supere isto...
E me conte como foi!...
Preciso de suas palavras renovadas...
Sua visão re-planejada...
Em minhas emoções...
Suas palavras são os caminhos que decifram meus sonhos...
Onde eu não posso me perder e nem me encontrar...
Quero apenas sentir o prazer.

Marcos Gomes 21/05/2009.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

“Sensação de perder”


Estamos em todos os lados...
Suspensos e presos ao mesmo tempo em tudo que nos ofendi...
E nossas armas foram confiscadas...
E os punhos são nossas ultimas funções até sangrar...
E o adeus não será um bom caminho agora amigo...
Espere-me, até trazê-lo noticias boas novamente...
O seu argumento agora não é perfeito...
É temeroso quando se tem família e uma mulher pra amar...
E o meu pedido agora a você...
É que não esqueça que estive ao seu lado...
E esse tempo, foi precioso pra mim...
Suas histórias me deram bons exemplos...
E hoje não tenho mais medo de mostrar quem eu sou...
Sua idade entre a minha mostra o quanto ainda sou um menino...
E nossas histórias juntas mostram o quanto cresci com você...
E nada agora é suficiente para nos distrairmos...
Tente apenas pensar no que perfeitamente poderia ser eterno...
Como sua família, seus filhos...
Pois estou pensando como seria comigo também...
Então vamos, podemos ainda reagir...
Mas amigo, não esqueça de se despedir...
A conquista que alcançarmos hoje...
Mudará nosso destino...
E poderemos realmente viver dignos nessa vida...
Pois honestidade é tudo que temos agora...
Mas se falharmos, um dia ainda o verei novamente...
Com o espírito limpo...
Sabendo que nessa luta, lutamos...
E o inimigo, era todo atraso imaginário...
Em nossa sensação de perder.

Marcos Gomes 20/05/2009

sábado, 16 de maio de 2009

“Eco da verdade”


Mantendo a distância...
É possível sentir a suavidade da saudade...
E acreditar, que esse momento pode ser seu...
Pois nesse complexo de existência...
Não sabemos reagir nesses sentimentos...
E o que exala do cheiro desses sentimentos...
Não podemos sentir...
São emoções sem fragrâncias...
Que desequilibram nossos egos inconscientes...
E tornam-nos figuras sem página...
Em rótulos onde a verdade é a única saída...
Ou suposta inimiga...
Que apaga das oscilações suas crises de mentiras...
Renovando a tranqüilidade...
E permitindo que você minta outra vez...
Na persuasão dos verbos...
Na destreza do olhar...
Nos movimentos e gestos desconfiantes...
Até na forma de dizer eu te amo a alguém...
E é como me encontro também...
Pois minha alma flutua enquanto durmo...
E quando volta ao meu corpo...
Mostra-me o quanto estou doente...
Talvez de suas mentiras...
Acobertadas por meus erros...
Nessa viajem cega...
No comportamento entre os sonhos...
Na vida traída em mentiras...
Ouço a verdade que ecoa.

Marcos Gomes 16/05/2009

quinta-feira, 7 de maio de 2009

“Sentidos frios”


Os fins entre mortais e imortais...
Os fins entre iludidos e ilusões...
Os Deuses podem nos salvar...
Mas por fim deve-se obter sabedoria...
E nesse instante não podemos esperar...
Seus juízos serão seus sacrifícios...
E a fé não pode aguardar...
A reza já pode estar lapidando seu túmulo...
E esse tempo está para cessar...
Então não podemos correr até cansar...
Não podemos nos trancar entre paredes para chorar...
Teu desejo como meus erros foram humanos...
E por favor, não tente me julgar...
Palavras saboreiam me entristecer...
E hoje não estou pronto para chorar...
Um dia já estive!
E esse olhar deseja me apagar...
Mas a verdade é que nunca fui prático para lhe entender...
E vivendo esta fase sinto-me fracassar...
Mas sempre fui seu herói nas suas aventuras...
E agora, não pode me afastar...
Pois o tempo de partir com os deuses fez o silêncio...
E tornaram os infinitos sonhos em malogros...
E eu estive lá para evitar...
Vi humanos em seus defeitos...
Vi humanos em suas frustrações...
Vi a dor esconder a paz medíocre entre os povos...
Vi mortais valorizarem suas vidas já perdidas...
Eu vi um sorriso frágil aonde desejei cuspir...
Vi um rosto envelhecido, enxugando as lágrimas naquele amanhecer...
Senti meus sentidos frios, na dúvida de lhe ter.

Marcos Gomes 07/05/2009.

domingo, 3 de maio de 2009

O JUIZ NA ÓTICA DE UM ADVOGADO.


Candido Naves ensina com razão, quando diz que “o lado do juiz é o lado da justiça. Não importa que esse seja o lado do rico ou o lado do pobre, o lado mais forte ou lado mais fraco, o lado amparado pela simpatia popular ou o lado desprestigiado pela animadversão publica. As preferências ou simpatias, filhas de motivos contrários à justiça, são precárias, transitórias e falazes. Só a justiça convence, afinal, para sempre, como a verdade.” Conclui dizendo que já na Roma antiga não havia maior monstro do que um juiz prevaricador da justiça. Ou na exclamação do padre Vieira, “Deus nos livre de juízes inclinados, senão são Deus. Aonde vai a inclinação, lá vai a sentença”.
Não basta ser fiel aplicador da lei. Essa qualquer pessoa pode aplicar, porque segundo Maggiore, “o fim a atingir-se não é a aplicação da lei, mas a atuação da justiça”. A esse respeito Laércio da Costa Pellegrino, refere-se a Remigius, do século XVII, que, “sem nenhum espírito de maldade, com a consciência tranqüila e o nobre orgulho dos que religiosamente cumprem o seu dever, se ufanava de ter condenado à morte novecentas feiticeiras, uma em cada semana (...)”.
Feitas essas considerações, trago aos nossos leitores o trabalho do Dr. ELIAS MATTAR ASSAD, que é advogado e Presidente de Honra da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (ABRACRIM), sobre a indescritível aura dos juízes vocacionados:

Em seu livro CPP Comentado (RT, p.340), Guilherme de Souza Nucci, Professor de Direito Penal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), demonstrando incomum sensibilidade, observa:

“(...) o julgador que emprega, usualmente, em sua atividade de composição de conflitos, opiniões e conceitos formados de antemão, sem maior preocupação com os fatos alegados pelas partes, nem tampouco atentando para o mau vezo de cultivar idéias preconcebidas sobre determinados assuntos, é um juiz preconceituoso e, consequentemente, parcial. Não está preparado a desempenhar sua atividade com isenção, devendo buscar consertar o seu procedimento, sob pena de se dever afastar da área criminal. Conforme o caso se for extremado o seu modo de agir com parcialidade em qualquer área que escolha judiciar, é caso de se afastar ou ser afastado da magistratura...”

Mais adiante, na obra citada (de leitura obrigatória), prossegue:

“(...) Um magistrado deve ter discernimento suficiente para não se entregar ao ódio a determinados agentes criminosos, nem deve ser racista, pois não são atributos que se aguarda do juiz de direito (...) Ora, todo juiz é, antes de tudo, um ser humano comum, carregando consigo suas boas e más tendências, o que, entretanto, deve situar-se na normalidade, vale dizer, precisa ter controle suficiente para não deixar que isso interfira no seu trabalho, bem como deve vincular-se exclusivamente à prova produzida, abstraindo-se de avaliar o caso, segundo sua inclinação pessoal. É o que a sociedade espera do magistrado. Não o fazendo, e insistindo em ser nitidamente parcial nas suas decisões, passa a se concentrar o problema na esfera disciplinar...”.
Em verdade, ninguém deveria rumar para a Magistratura sem estar vocacionado. Isto nenhum concurso pode detectar, lamentavelmente. O juiz é o único carreirista de Estado que tem seus possíveis defeitos humanos expressamente previstos em lei processual como um risco calculado (tolerável). Ao prever o recurso de embargos de declaração (CPC), o legislador processual vincula o cabimento a ser o juiz: omisso, contraditório, obscuro ou ambíguo, e lhe outorga o poder/dever de corrigir tais falhas quando provocado oportunamente pela parte interessada, ou pela sua própria iniciativa, para corrigir inexatidões materiais ou retificar erros de cálculo. Tanto no Direito Criminal quanto no Cível, é muito usado esse pedido declaratório em sentenças e acórdãos. O que os advogados observam, com certa dose de humor, é a falta de humildade ou excessivo orgulho para o reconhecimento da deficiência. É comum magistrados julgando embargos de declaração explicarem a sentença ou acórdão em vários de seus pontos impugnados, em verdadeira resposta positiva ao pedido subscrito pelos advogados, e julgarem improcedentes os embargos porque “não vislumbraram qualquer omissão, contradição, obscuridade ou ambigüidade...” Assim fosse, contraditoriamente, não precisariam se alongar em explicações. Mais técnico seria julgar procedentes os embargos de declaração explicitando as situações reclamadas. Em processo penal, não raro, os advogados se deparam com situações nas quais muitos magistrados incorrem nas observações de Nucci, distanciando-se dos autos e das normas, para transformar despachos e sentenças em verdadeiros “comícios”. Violam posturas, crendo, piamente, que estão prestando relevantes serviços para a Nação. Nestes casos, é oportuníssima uma reciclagem para possível reversão da obsolescência.
A Lei dá ao juiz todas as ferramentas para o bem presidir e julgar processos, tratar com cordialidade os servidores da justiça, membros do Ministério Público, os advogados, partes, testemunhas... É inamovível, vitalício, não pode ter redução de seus vencimentos, entre as incontáveis prerrogativas da Magistratura e incomparável prestígio social! Juízes vocacionados possuem uma indescritível aura, que chamá-los de Excelência soa sincero aos circunstantes e aos seus próprios tímpanos...

Wagner Gomes
wagnergomesadvocacia@uol.com.br
wg_ed.wagneradv@hotmail.com

domingo, 26 de abril de 2009

O Tempo das Crônicas


Na semana que passou, ocupei este espaço com a publicação de uma crônica escrita por Machado de Assis, em julho de 1883. Minha surpresa foi o número de e-mails que recebi de leitores querendo saber na realidade o que é uma crônica. O que é uma crônica? Bem, vou responder a esses leitores com um trabalho de Paulo Vicente Bloise, ex-cronista do Jornal da Tarde e autor dos livros: O Tão e a Psicologia, de olho na rua e Surfando na Marquise.
Acho que foi uma espécie de provocação amistosa. Quando minha amiga soube que eu estava escrevendo crônicas, ela disparou por telefone mesmo: “Sabe o que disse um escritor, com quem eu mantenho contato, sobre as crônicas?”.
Fiquei em silêncio, pressentindo as críticas que viriam.
“Ele acredita que são ficções malfeitas. Um tipo de conto preguiçoso, ou uma história de pouco fôlego”.
Fiquei contente. Há tempos que eu desejava escrever sobre o tema, e o desafio me incentivou. De início, concordei com o “pouco fôlego”. Sempre comparo esse gênero literário à fotografia, técnica que se propõe a registrar instantâneos. As crônicas, via de regra, não se metem a grandes narrativas, como um longa-metragem. Isso fica para os romances ou aos seus irmãos menores, as novelas. Olha-se uma situação, escuta-se um caso, recorda-se um episódio, e eis o material para a reflexão. Tudo, literalmente, funciona como assunto. Serve o trânsito? Serve. A impunidade dos ministros, os campeonatos esportivos? Servem também. Quem não leu ainda À sombra das chuteiras imortais, de Nelson Rodrigues, está perdendo uma ótima análise da paixão dos brasileiros pelo futebol.
Coisa curiosa: tanto faz se o fato principal, o foco de interesse, ocorreu no Afeganistão ou na casa do vizinho. Nesse sentido, o nascimento da crônica, artigo escrito por Machado de Assis em 1877, é memorável. Nele, o mestre destaca que a maneira certa de começar uma crônica é por uma trivialidade.
Mas quem teria inventado esse gênero literário, e quando isso teria ocorrido? Machado ironiza: foi no exato momento em que apareceram as primeiras vizinhanças. Elas se sentaram à calçada no final do dia e, provavelmente, disseram: ”Que calor! Que desenfreado calor!” Então, do clima, a conversa foi para as plantações e aos demais acontecimentos que as circundavam.
Volto para a provocação da mina amiga e pergunto: será que a crônica é realmente um gênero menor? Como um advogado de defesa, fui pesquisar e destaco os trechos mais importantes que encontrei sobre o assunto.
No Dicionário Aurélio deparei com várias definições para crônica. Em resumo, ela é considerada de um texto jornalístico escrito de forma livre e pessoal, cujos temas são idéias, fatos da atualidade ou do cotidiano. Foi justamente o caráter jornalístico que me chamou a atenção e lembrou-me um livro excelente sobre a história da imprensa, escrito por Jacques Wolgensinger.
Segundo o autor, a imprensa teria surgido para atender à necessidade que o ser humano tem de informar-se sobre o mundo que o cerca. Porém, as notícias, além de orientar as pessoas, deveriam oferecer algo mais: “o prazer de descobrir”.
Nutrindo a minha obsessão de advogado, palpito que a crônica – sendo “livre e pessoal” – pode explorar mais esse prazer do que o texto jornalístico, limitado à informação. Jacques considera os poetas gregos e os trovadores da Idade Média ancestrais do jornalismo moderno. E (por que não?) excelentes cronistas, já que em seus cantos eles informavam para o povo fatos míticos mesclados ao cotidiano. Bem, devo confessar uma coisa: quanto mais mergulhava na história da imprensa, mais maravilhado eu ficava. Quem imaginaria que o primeiro jornal do Ocidente, o Acta Diurna romano, já se utilizava das crônicas? E o que pensar do Commentarius Rerum Novarum, que à época de Júlio César conseguia ser semanal? Detalhe: eram feitos dez mil exemplares, escritos à mão por escravos.
Pulo, por uma questão de espaço, centenas de anos e encontro mais um elemento para defesa da crônica. Estamos no século XIX, as publicações são diárias, a distribuição é ampla, notícias voam sobre os continentes. Inicia-se o império dos grandes jornais com a árdua tarefa de conquistar leitores. A necessidade furiosa de vender jornais acirrou a competição entre os impressos. O francês La Presse, em 1836, dá um golpe fatídico, corta seu preço pela metade e duplica suas vendas. A concorrência, percebendo o seu sucesso, logo o imita. Girardin, o gênio do La Presse, não se abate e apela à qualidade, convocando os grandes escritores da época. Mas para que? Para escreverem crônicas!
Sim, e eu considero este meu argumento final: o que dizer de Balzac, Victor Hugo, Alexandre Dumas escrevendo essas “ficções malfeitas”? Pois foi isso o que ocorreu. A cada dia, uma crônica diferente aparecia na primeira página para estimular os leitores a lerem o resto do jornal.
Felizmente, essa competição entre os gigantes do jornalismo se manteve. Trouxe frutos, deu exemplos para que outros países os imitassem. Graças a ela, nossos melhores escritores, cujos textos podemos encontrar em coletâneas, retrataram suas épocas e costumes. A palavra “crônica” está ligada ao tempo (do grego chrónos, tempo) e ela funciona como um registro do presente. Basta procurar nos jornais de hoje. Os grandes cronistas passam por lá.

(São Paulo, 2002).

Wagner Gomes
wagnergomesadvocacia@uol.com.br
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sábado, 18 de abril de 2009

Passageiros da Agonia


Peço atenção aos meus caros leitores, para uma crônica escrita por Machado de Assis, no Rio de janeiro, em julho de 1883, onde traça algumas regras para os passageiros de bondes. Note-se que essas regras bem que poderiam ser adaptadas, hoje em dia, para os usuários de ônibus em Macapá.

“Ocorreu-me compor umas certas regras para uso dos que freqüentam bonds. O desenvolvimento que tem sido entre nós esse meio de locomoção, essencialmente democrático, exige que ele não seja deixado ao puro capricho dos passageiros. Não posso dar aqui mais do que alguns extratos do meu trabalho; basta saber que tem nada menos de setenta artigos. Vão apenas dez.

Art. I – Dos encatarroados
Os encatarroados podem entrar nos bonds com a condição de não tossirem mais de três vezes dentro de uma hora, e no caso de pigarro, quatro.
Quando a tosse for tão teimosa, que não permita esta limitação, os encatarroados têm dois alvitres: – ou irem a pé, que é bom exercício, ou meterem-se na cama. Também podem ir tossir para o diabo que os carregue.
Os encatarroados que estiverem nas extremidades dos bancos, devem escarrar para o lado da rua, em vez de o fazerem no próprio Bond, salvo caso de aposta, preceito religioso ou maçônico, vocação, etc., etc.

Art. II – Da posição das pernas
As pernas devem trazer-se de modo que não constranjam os passageiros do mesmo banco. Não se proíbem formalmente as pernas abertas, mas com a condição de pagar os outros lugares, e fazê-los ocupar por meninas pobres ou viúvas desvalidas, mediante uma pequena gratificação.

Art. III – Da leitura dos jornais
Cada vez que um passageiro abrir a folha que estiver lendo, terá o cuidado de não roçar as ventas dos vizinhos, nem levar-lhes os chapéus. Também não é bonito encostá-los no passageiro.

Art. IV – Dos quebra-queixos
É permitido uso dos quebra-queixos em duas circunstâncias: - a primeira quando não for ninguém no bond, a segunda ao descer.

Art. V – Dos amoladores
Toda a pessoa que sentir necessidade de contar os seus negócios íntimos, sem interesse para ninguém, deve primeiro indagar do passageiro escolhido para uma tal confidência, se ele é assaz cristão e resignado. No caso afirmativo, perguntar-se-lhe-á se prefere a narração ou uma descarga de pontapés. Sendo provável que ele prefira os pontapés, a pessoa deve fazê-lo minuciosamente, carregando muito nas circunstâncias mais triviais, repelindo os ditos, pisando e repisando as coisas, de modo que o paciente jure aos seus deuses não cair em outra.

Art. VI – Dos perdigotos
Reserva-se o banco da frente à emissão dos perdigotos, salvo nas ocasiões em que a chuva obriga a mudar a posição do banco. Também podem emitir-se na plataforma de trás, indo o passageiro ao pé do condutor, e a cara para a rua.

Art. VII – Das conversas
Quando duas pessoas, sentadas a distância, quiserem dizer alguma coisa em voz alta, terão cuidado de não gastar mais de quinze ou vinte palavras, e, em todo caso, sem alusões maliciosas, principalmente se houver senhoras.

Art. VIII – Das pessoas com morrinha
As pessoas com morrinha podem participar dos bonds indiretamente: ficando na calçada, e vendo-os passar de um lado para outro. Será melhor que morem em rua por onde eles passem, porque então podem vê-los mesmo da janela.

Art. IX – Da passagem às senhoras
Quando alguma senhora entrar o passageiro da ponta deve levantar-se e dar passagem, não só porque é incômodo para ele ficar sentado, apertando as pernas, como porque é uma grande má-criação.”

Wagner Gomes
wagnergomesadvocacia@uol.com.br
wg_ed.wagneradv@hotmail.com

quarta-feira, 15 de abril de 2009

“Feito...”


Feito cor, feito preto e branco...
A visão não confundiu o que enxergou...
A lembrança ainda é um presságio para o que aguardou...
E o tempo que esquecemos hoje, suportou...
Poderia ser diferente...
Feito a outra face da verdade...
Feito os olhos da coragem...
No descanso do desespero...
No sonho daquele momento...
No despertar assustado, achando que já era noite...
E no amor, ausente de si mesmo...
As forças dos sentimentos já foram mais sentimentais...
As forças dos desejos já foram mais desejadas...
Inspirações alcançam os limites...
E despejam minha carência manipulada...
Das carências que já ouvi...
Transformando minhas angústias capacitadas do que absorvi...
E o que eu me tornei depois daquela noite?
O que não poderei mais fingir?
As melodias foram apagadas entre as minhas...
E agora só resta sussurrar no silêncio...
E chamar por um nome...
E aguardar, ser o seu...
Por isso, não lembre mais do tempo que perdeu...
Não conte a ninguém o que lhe informei...
Minhas palavras e promessas são irreais...
E você se tornaria mentirosa entre minhas mentiras...
E eu não poderia mais expressar quem eu sou...
Pois o tempo me arrastou nessas confidências...
E o egoísmo me atrasou...
Feito dor, feito minhas incertezas...
Nesse impactante amor.

Marcos Gomes 14/04/2009.

PORQUE HOJE É SÁBADO


Sábado de Aleluia. Vitória da vida sobre a morte. Ressurreição de Cristo. Dia para ser comemorado. Nunca esquecido. Estamos em um bar na praia do Aturiá. Todos reunidos em homenagem a Jesus Cristo. Alegria total. E lá ouço a seguinte história. É sobre dois devedores: um fariseu convidou Jesus para jantar. Sabendo disso, uma mulher pecadora levou um vaso de alabastro com perfume e lavou os pés de Jesus na casa do fariseu. O fariseu pensou: se este homem for realmente um profeta, saberá quem é a que o toca. Disse-lhe Jesus: “Simão, tenho uma pergunta a lhe fazer”. “Faça-a, mestre”, respondeu. Disse Jesus: “certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários e o outro cinqüenta. Não tendo nenhum dos dois como pagar, perdoou a dívida a ambos. Qual deles o amará mais?”
- Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou Jesus: “julgas bem.”
Ouvindo o som de Zé Miguel e Amadeu Cavalcante, cada um de nós levantou um cálice de vinho à Vitória de Cristo. Nesse momento lembrei do editor deste jornal, ex-seminarista e quase padre Douglas Lima, e da poesia O Dia da Criação, de Vinicius de Moraes com a qual brindamos nossos leitores e ele, neste dia de Páscoa.

O DIA DA CRIAÇÃO

Macho e fêmea os criou.
Gênesis 1,27

I

Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanha é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios

Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

II

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um homem rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito de porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há a comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado

III

Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens, ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres como as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seriamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas em queda invisível na terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seriamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda e missa de sétimo dia.
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos
Precisamos encarar os problemas das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.

Wagner Gomes
wagnergomesadvocacia@uol.com.br
wg_ed.wagneradv@hotmail.com

quinta-feira, 2 de abril de 2009

“7 de Maio”


É madrugada de quarta...
Vivendo nas turbulências do destino...
Hoje ninguém sabe ao certo caminhar no equilíbrio de suas influências...
Servindo e sendo servido...
Vivendo nessa realidade cruel e mal distribuída...
É assim que vive-se diante as influências...
Os desejos propagam-se em materialismo e ferem o coração...
Os teus olhos refletem-lhe a interpretações que não lhe enxergam as suas decepções...
E eu sozinho e esquecido por esse mundo, viverei em minha vez...
Pensarei em como fazer minha vida...
Nas distâncias das cores que colorem as vibrações...
Existindo pessoas dizendo que ela oferece amor!
Existindo pessoas dizendo que ela ocasiona dor!
E somente quem vivê-la saberá responder...
O dia já encontra-se ao raiar do sol sobre nossos olhos...
E o sol cintilante simulará nossa doença...
Só teremos febre e dor de cabeça...
E nós estaremos sentindo frio...
E eu estarei pensando o que escreverei outra vez...
Precisando de algo para acobertar-me e aquecer-me para eu dormir longe de um prazer...
Já estando em 7 de Maio...
Doente e servindo aos estímulos de um solitário sofrimento...
E vivendo entre a vida e a morte...
Só existirá prazer, quem vivera a vida, sufocando a morte.

Marcos Gomes 07/05/2002.